Esqueceram-se de uma coisa...
Esqueceram-se de uma coisa. Esqueceram-se de nos ensinar que nem toda a gente gosta de nós. E a viver bem com essa certeza. Mas não, mandaram-nos para o mundo convencidos de que cada vez que não conseguíamos acender a faísca da empatia nos outros tínhamos falhado. Que se não fossemos capazes de revelar, logo ali num primeiro encontro, a bondade da nossa alma, a honestidade das nossas intenções, a dedicação de que somos capazes, a culpa era nossa. Ninguém nos preparou para o dia em que alguém seria indiferente às nossas tentativas de “ser amigos” ou, pior, as rejeitasse, e embora tenhamos dado de caras com elas desde o primeiro dia em que pusemos um pé na rua, a força mágica da catequese materna não nos permitiu mudar de estratégia. E lá continuamos nós, convencidos de que a nossa missão na Terra era apertar a mão energeticamente a todos os nossos interlocutores, e a sentir um nó na garganta quando o outro mantém os braços atrás das costas e não quer entrar no jogo. Estupidamente, em lugar de aceitarmos a opção alheia, continuamos a lutar desesperadamente para que gostem de nós, como se fosse fundamental para o nosso equilíbrio receber dos outros um carimbo de aprovação. E mesmo quando nos zangamos com quem nos afasta, ou agride, mesmo que sejamos capazes, num esforço de maturidade e racionalidade, de “cortar” com quem não nos vê como nós nos vemos, ficamos como que assombrados por dentro. Um desassossego que nos impele sempre a dar mais um passo, a troco da absolvição de um crime, que em consciência não cometemos. Pois é, acho que temos de educar os nossos filhos de outra maneira, a estenderem sempre a mão, mas capazes de aceitar que nem todos os meninos do recreio serão seus amigos. E que a culpa disso não é sua, mesmo que também não seja dos outros.
2 comentários:
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