A televisão é um espelho da sociedade?

Escrevo este texto a propósito de um programa que estreou na SIC, chamado “Não sei quê verdade”. Estava a jantar e vi o programa até à 8ª pergunta. Quero escrever a minha opinião mas sinceramente até nem sei por onde hei-de começar tal é a baixa qualidade do programa. Mas o que me preocupa nem é o programa em si, mas o rumo da televisão portuguesa que espelha o rumo dos valores da sociedade. Vamos por partes…
Primeiro o programa. Este consiste na realização de várias perguntas de cariz pessoal, íntimo, implicatório… Expõe os candidatos, as pessoas que a rodeiam; despreza valores, valoriza o dinheiro (que nem sequer é muito: o gajo à sexta pergunta ganhou 1000 euros e já tinha destruído muita coisa na vida dele para isso). Despreza completamente a família. (Isto até parece um texto católico mas não se trata disso.)
Este programa vem no seguimento de um outro, o do “bicho vai pegar”… Mesmo que tudo seja realizado por actores (sim, não sei que tipo de gente vai a um ou outro programa), pergunto-me qual o interesse em ver aquilo??? O programa obviamente tenta ir de encontro às audiências, mas já não há o limite do bom senso? O tema “Responsabilidade Social” nas empresas está muito na moda, mas apenas quando não afecta em nada o lucro. Por outro lado, será mesmo esta a única forma de obter audiências? Não haverá uma outra menos deselegante, mais construtiva, útil pelo menos?
Ora, em teoria, este programa não devia elevar as audiências… Alguém tem que estar do outro lado do televisor. Ademais, como já disse, verdadeiramente inquietante é o problema subjacente. É o facto de realmente haver muita gente que o vê e gosta! E muita mais gente que não gosta e consente, muita gente que se acomoda e muda… Verdadeiramente inquietante são estes tempos modernos, de plástico!
E não vale culpar os jovens… Mas somos nós que podemos inverter ou consentir esta tendência…


PS: A Teresa Guilherme não tem dinheiro que chegue para recusar entrar num programa destes?? Se calhar não tem é personalidade…


H, inconformado. Isto amanhã passa =)